Exposição
LOVECRAFT VAI AO CINEMA
O cinema é construto criativo do artista Manzini, quer pela via de roteiro e direção ou nesta exposição que apresenta 10 enigmáticas ilustrações. Cthulhu, o mascote do CINEFANTASY sonda, transita e invade uma sala de cinema.
Há nas obras um pedido de olhar atento, o hibridismo artístico do criador não nos transparece facilmente, as técnicas se engendram. Dani Manzini demonstra que a ambientalização artificial e a pintura digital são vias potentes em sua concepção artística.
Se Cthulhu estabelece com o espaço um contraponto de domínio, eis aí uma invasão resistente às opressões políticas e todo descaso que os artistas enfrentam nos últimos anos neste país. Seja no fazer audiovisual, como no seu longa-metragem IVAN, que está disponível na programação do CINEFANTASY, o artista Dani Manzini, nos propõe sempre um mergulho profundo em suas obras. A cada ilustração entraremos em subjetividades distintas, mas Manzini parece gostar de trabalhar na pulsão de insinuações imagéticas, transportando símbolos e significantes que operam entre a tensão e o sentido.
Enquanto percorria as ilustrações algo me transportou a outra sala de cinema, com as mesmas poltronas vermelhas presentes em “Adeus, Dragon Inn”, de Tsai Ming- Liang. O filme é, para mim, uma obra prima minimalista e altamente perspicaz, como só Tsai pode nos entregar com sua alta sensibilidade e inteligência. Assim como existe em Adeus, Dragon Inn uma ode, nada lírica, a sétima arte, há também nesta exposição uma ode, mais lírica, onde apenas um outro cineasta poderia ter confabulado tal propósito, Dani Manzini, nos entrega em cada uma dessas ilustrações a sua confissão apaixonada pelo cinema.
SOBRE O CRIADOR
Dani Manzini é roteirista, diretor de cinema e artista plástico com formação pela UNESP.
Como artista plástico já expôs suas colagens digitais em diferentes revistas como; Zupi, Computer Arts Projects e na Revista Select, onde foi designer sênior também.
Em 2014 Manzini entra para o coletivo Usina 14 e participa de mais de 10 exposições coletivas com seus trabalhos de Colagem e Fotografia.
O cinema começa a pulsar mais na carreira do artista, a partir de 2010, quando assina a colorização do documentário “Mataram meu irmão”, de Cristiano Burlan. Ainda em 2010 Manzini assina seus primeiros trabalhos no cinema como colorista e diretor de arte em curtas-metragens do interior paulista. Dmitri (2013) foi o primeiro curta do diretor, que rodou pelas exposições do Coletivo Usina 14. Em 2021 lança seu primeiro longa-metragem “Ivan”, que em sua estreia recebe seis prêmios no Festival Guarnicê de Cinema e que segue sua trajetória em festivais nacionais e internacionais. Com destaque para sua estreia na capital paulista no Cinefantasy.
Para maiores informações – www.instagram.com/danielmanzini
Juliana Albuquerque
